domingo, 26 de dezembro de 2010

É momento de reflexão

Quando chega o final do ano, parece que a sensibilidade fica à flor da pele e todo mundo resolve pensar, refletir, retificar, ratificar, recomeçar, analisar, rever, ressignificar, enfim, são atitudes pontuais, infelizmente, mas são válidas.
Então, quero reafirmar minha preocupação com o ensino da Língua Portuguesa nas escolas do Brasil e mais uma vez dizer que vale a pena acreditar, mas que nossas instituições, através de seus professores, coordenadores e gestores, devem investir cada vez mais na qualidade de seu trabalho e na gestão de pessoas. É preciso respeitar o aluno, sua origem, suas peculiaridades e diferenças. O objetivo não pode ser uma nota final somente. Pense nisso.
Professora Márcia Regina

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Os modismos do material didático

Eu vou me atrever a afirmar que a sala de aula é um dos poucos ambientes coletivos em que os modismos pedagógicos chegam e habitam com muita facilidade. Alguém disse que agora o que se usa é o quadro branco, então vamos colocá-lo. Outro alguém afirma que o bacana é dar aula com música, então vamos todos musicar. Mais alguém chegou dizendo que bacana é ir para a sala de informática, então vamos lá, por que esperar? Aí outros vêm e dizem que o correto mesmo é dar aula em círculo. Ora, vamos fazer um círculo. É tão fácil. Depois, veio a moda dos jogos. Tudo( introdução de conteúdo, fixação de exercícios, revisão para o teste) tinha que ser com "joguinhos". E, finalmente, o grande destaque dos últimos anos: o datashow. Nossa, os professores estão eufóricos com este recurso, afinal, é só ler para os alunos o resumo ou as passagens dos livros. Imagina, ler quatro horas seguidas um texto que muitas vezes foi simplesmente recortado de um livro. É o que está acontecendo em algumas universidades.
Ora, ora, professores! Não é o recurso que importa, mas a forma como o conduzimos em sala de aula. Não adianta fazer um círculo e ditar a matéria para o aluno copiar. Não adianta usar o datashow para fazer leitura com os alunos. É preciso que haja interação, comparação, reflexão, construção. Ânimo, pessoal!

Professora Márcia Regina

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Proposta de redação: ensinar a pensar

O segundo semestre é sempre marcado pela correria dos alunos às salas dos cursinhos. O pessoal quer revisar, reforçar e até mesmo aprender. A redação deve ser treinada, como se fosse uma forma milimetricamente medida. O aluno não consegue fazer uma análise do tema; ele precisa encaixar o assunto em trinta linhas, às vezes 25, outras, 40. Perde-se o sentido da reflexão sobre o assunto. A escola que passou 12 anos discutindo e refletindo sobre uma série de assuntos, agora, é resumida a um semestre de exaustivos momentos de estudo mecânico. Aquela escola que passou os mesmos 12 anos fazendo o aluno decorar uma infinita lista de conceitos e exemplos gramaticais recebe o título de boa, eficiente. Atenção: Não esqueçam que o aluno universitário precisa ser um indivíduo altamente pensante na faculdade. A universidade brasileira precisa promover a pesquisa, a reflexão, a observação e a integração do aluno com a comunidade. Chega de aluno individualista, que decora os conceitos para realizar provas e alcançar o sonho do canudo. Meu Deus, num trecho tão pequeno, quantas incoerências podem ser levantadas neste sistema de ensino que permeia as nossas escolas. De uma coisa eu tenho certeza: A escola precisa formar seres reflexivos, empeendedores, interessados no movimento da sociedade, ativos, preocupados em encontrar alternativas sustentáveis para amenizar os impactos ambientais.
Proposta: Desenvolve um texto crítico sobre a função formadora da escola e não somente informadora.
Márcia

Renata

Como tarefa da cadeira de Gramática II, do curso de especialização da Universidade Feevale, precisei observar uma aula de Língua Portuguesa. Escolhi uma escola municipal, perto de minha casa. E lá conheci a professora Renata Marques. Mais uma vez, depois de 21 anos de magistério dedicado a observar, pesquisar e analisar o comportamento do aluno diante do ensino da língua portuguesa, eu tive plena certeza de que não devemos desistir nunca de ensinar. Os olhos da Renata brilhavam ao me contar que está desenvolvendo um projeto de leitura com as crianças, que resultará numa radiofonia. Eles leram contos e gravarão suas vozes e todos os outros sons. Depois, a professora organizará tudo isso para ser apresentado. Que sorte daquelas crianças terem uma professora animada, que acredita no potencial delas, que tem projetos e que os aplica.
E o mais importante: Esses momentos é que marcarão a vida desses alunos. Às vezes a gente vê escolas com muito mais recursos e que se ocupam com a tarefa de encher caderno. Que pena.
Márcia

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A cidade no universo ficcional de Caio Fernando Abreu

Proposta de redação

Na disciplina de Literatura Comparada, no curso de especialização da Feevale, tive a oportunidade de reler Caio Fernado Abreu , escritor gaúcho que morava em São Paulo. Num texto de Alexandre Faria, PUC-RJ, sobre o universo ficcional de Caio Fernando Abreu, foi possível refletir sobre a ambiguidade do centro urbano. A cidade, que ao mesmo tempo apresenta possibilidades de novas realizações e encontros, também se torna uma teia onde as personagens se aprisionam e sucumbem ensimesmadas na inútil busca da identidade e completude que a cidade não oferece. As personagens de Caio Fernando Abreu são solitárias, vítimas da cruel dinâmica urbana.
Então, imaginei como poderia tansformar essa reflexão numa proposta de escrita, afinal, os jovens que estão concluindo o Ensino Médio se voltarão quase que totalmente para a cidade: farão vestibular, procurarão uma vaga no mercado de trabalho, farão parte de um sistema universitário, estarão mais expostos à inquietude da cidade.
A proposta é: Como construir uma vida independente e livre das angústias da cidade, fazendo parte do universo urbano? Como impedir que a cidade anule nossa identidade nos tornando sós e abandonados?

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Proposta de redação

Escrever bons textos requer leitura, informação e, principalmente, dedicação. Nesse caso, dedicação significa exercício. Aproveita a primeira ideia de redação, de uma série que será publicada, para apresentar argumentos coerentes dentro de uma estrutura coesa. Lembrando que coerência é o equilíbrio de ideias que o texto deve apresentar, procurando ser objetivo e claro na defesa dessas ideias. E a coesão são os elementos gramaticais que ajudam a dar ao texto esta clareza e objetividade: pontuação, articuladores, vocabulário...

Proposta: As leis existem para organizar uma sociedade. Isso é fato. Quando chegou a lei seca, muita gente afirmou que só funcionaria sob uma severa fiscalização. Hoje alguns dizem que caiu no esquecimento e não há pessoal nem aparelhos suficientes para fiscalizar. Agora, os pais precisam instalar nos carros cadeirinhas para carregar seus filhos até sete anos e meio de idade. É lei e será severamente fiscalizada, segundo as autoridades. Certamente outras leis seguidas de uma rígida fiscalização serão feitas no Brasil. Com base neste pequeno comentário, escreve um texto argumentando sobre a distância entre leis que são feitas para proteger a vida e a consciência do cidadão brasileiro. Se é para proteger a vida, não é fato que a consciência deveria vir primeiro, sem precisar que um policial diga ao cidadão como ele deve proteger seus filhos?

domingo, 29 de agosto de 2010

A gramática na sala de aula

Quando surgem os modismos pedagógicos, a tendência é a adesão total, sem reflexão, sem discussão e troca de ideias. É necessário ensinar gramática na sala de aula. Quem disse que não? O problema é que não pode ser trabalhada como vemos por aí. O aluno precisa pensar sobre a gramática ( o substantivo, o adjetivo, o sintagma, enfim). Discutir com o aluno o texto que ele escreveu no que diz respeito à gramática: Como tal frase poderia ser modificada para que o texto ficasse mais claro? Qual o valor semântico da palavra X num determinado contexto? Como a vírgula pode modificar o sentido da frase? Então, professor, trabalhar a gramática na sala de aula é fundamental. O que não pode é dar listas de substantivos para que o aluno complete com adjetivos. Isso é passado. Vamos pensar junto com o aluno sobre o que ele escreve.

sábado, 31 de julho de 2010

Ler e escrever: estratégias de produção textual

O título deste comentário é o nome da obra de Ingedore Villaça Koch e Vanda Maria Elias, da editora Contexto. Aliás, leitura obrigatória para qualquer professor, de qualquer área. Estou escrevendo uma resenha sobre o livro e resolvi escolher uma pequena parte para compartilhar com vocês. Falarei sobre as marcas da oralidade.
Quando a criança passa da fase da oralidade para a escrita, ela leva muitas marcas da oralidade para o papel, o que é perfeitamente normal e rapidamente serão eliminadas.
É importante que o professor que trabalha nas séries iniciais, principalmente 1º ano, tenha consciência dessas marcas e trabalhe com tranquilidade, observando seus alunos e orientando-os da melhor maneira possível. Para tal, gostaria de dar algumas dicas que as autoras colocam. São elas: repetição ( pode ser um recurso usado para organizar uma modalidade textual. São comuns em crianças que estão na fase da aquisição da escrita.); uso de organizadores textuais continuadores típicos da fala como aí, e, daí...; justaposição de enunciados ( a criança escreve sem nenhuma marca de conexão explícita, escreve sem usar elementos que liguem ideias e não faz a transição de uma ideia para outra, excluindo, inclusive, a pontuação); escreve sem sinalizar o discurso direto e faz segmentação gráfica, ou seja, separa palavras que deveriam ser escritas juntas e junta palavras que devem ser separadas.
Então fica o alerta: Acompanhe essa transição do aluno com naturalidade, respeitando o tempo de cada um e oferecendo recursos diversificados para que este momento seja transquilo.

sábado, 10 de julho de 2010

Contrate gente inteligente

Simplesmente fantástico o texto escrito por Eloi Zanetti no site do Sinepe. Eloi Zanetti é consultor de marketing e explica em seu texto que só títulos ( pós-graduação, mestrado, doutorado) não são suficientes na hora de observar o currículo de um funcionário. Ele precisa ser dinâmico, mostrar caminhos, soluções, vibrar com os projetos da empresa em que trabalha ou que pretende trabalhar.
O texto fica como lição para aqueles empresários que não valorizam a experiência dos quarentões ou daqueles que não usam terno e gravata, mas que possuem ideias de grandes executivos.
Contrate gente inteligente. Depois, a eles, a empresa dá os títulos.
Professora Márcia Regina

domingo, 4 de julho de 2010

Bibliotecas fechadas?

É inconcebível a ideia de termos salas de leitura, estudo e pesquisa, que deveriam estar permanentemente abertas, sem que isso fosse sequer discutido, fechadas. Sabem de que salas de estudo eu falo? Das BIBLIOTECAS. Como pode alguém cogitar manter uma escola sem uma biblioteca alegre, viva, cheia de alunos transitando, sedentos de leitura? É preciso repensar a biblioteca como o coração da escola e não um espaço meramente ilustrativo, com hora marcada para ser visitado. É na biblioteca que as grandes aulas deveriam acontecer.

Professora Márcia Regina

sexta-feira, 11 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

o jovem e as eleições

Mais uma eleição se aproxima e também mais uma vez é feita a pergunta: Como promover uma maior participação do jovem na política? Fazer o título eleitoral e votar são apenas os primeiros passos para a concretização da participação do jovem nesse cenário. Mas como fazê-lo compreender que ele precisa estar mais presente nas decisões e conhecer melhor a máquina do Estado. Uma forma infalível é a informação. Saber quem são os candidatos é fundamental, mesmo que sejam nomes badalados pela mídia ou pela história. Conhecer como funcionam os poderes Executivo e Legislativo, principalmente. Pois assim, o jovem eleitor terá contato com as leis. É preciso estar atento ao movimento das plataformas dos candidatos: o que é possível e o que falácia.
O meu discurso não é novo. Mas a consciência é um exercício permanente. Não adianta exigir dos governantes um posicionamento que o próprio eleitor não tem. Este processo de eleições começa por cada um de nós e, num crescente, se fizermos tudo conforme o que prega a democracia no Brasil, com certeza, começaremos a ver resultados diferentes.
Para os meninos e meninas que estão se preparando para o vestibular, que tal desenvolver uma dissertação de 30 linhas sobre o tema.

Professora Márcia Regina

quarta-feira, 2 de junho de 2010

O direito à literatura

O crítico literário Antônio Candido, em sua obra Vários escritos (4ªedição/2004), defende no texto "O direito à literatura" que ler obras literárias é um direito social básico e fundamental, portanto um bem incompressível, como ele chama. O crítico enfatiza que a literatura é fator indispensável de humanização porque é um instrumento poderoso de instrução e educação e tem um papel formador da personalidade. A literatura é universal porque não há povo que possa viver sem ela.
Para refletir, eu destaco a seguinte declaração de Antônio Cândido: " Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade."
Então, por que tantas escolas estão sem bibliotecas? Por que outras têm bibliotecas, mas estão fechadas? Onde está a dificuldade de fazer uma biblioteca funcionar de forma que o aluno se sinta num ambiente democrático e humanizador?
O professor (de qualquer área) precisa entender que na leitura está a descoberta de tudo. Quando discutimos leitura, não podemos dividir a sociedade em grupos como se fossem classes sociais. A leitura do capítulo "O direito à literatura" prova que precisamos oportunizar a leitura, sem subestimar nossos alunos. Limitamos a capacidade de leitura deles quando fazemos listas de obras sem consultá-los, ou sem conhecê-los. Deixamos de mostrar a eles os clássicos porque nós achamos essa leitura difícil. Classificamos uma leitura simplesmente pelo seu vocabulário e esquecemos que literatura é algo muito maior, precioso, emocionante, fascinante e implícito.
A leitura precisa vir em primeiro lugar sempre em nossas salas de aula!

Professora Márcia Regina

terça-feira, 1 de junho de 2010

Reflexões sobre a gramática coloquial

O estudioso de linguística, Ataliba de Castilho, professor aposentado da USP, questiona pela primeira vez oficialmente, o uso das regras gramaticais diante do falar cotidiano das pessoas. É o que publicou a revista Galileu, da Editora Globo, no mês de junho de 2010. Palavras, frases e expressões como " viagi"(viagem), "As pessoa" ( As pessoas) e "Isto é pra mim fazer" ( isto é pra eu fazer) fazem parte da fala do brasileiro e, de acordo com o linguista, não devemos dar ênfase ao certo e ao errado, mas na reflexão sobre a língua. " O valor do que é correto ou incorreto é social, não da gramática", diz Ataliba.
Na realidade, é momento realmente de refletir sobre o ensino da gramática nas nossas salas de aula. É questionável que crianças de 6,7,8 anos de idade percam tanto tempo estudando verbos e substantivos e que a leitura e a escrita tenham hora marcada, dia tal, uma vez por semana. O vernáculo existe, está aí para quem quiser ver. Por que a escola sufoca os alunos com tantas regras que distanciam cada vez mais o aluno da sua identidade?

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Conversa é retrato íntimo

Gostaria de compartilhar a matéria exibida no Segundo caderno/ZH, do dia 26 de maio de 2010
" Conversa é retrato íntimo", que trata do lançamento de Zuenir Ventura e Luís Fernando Verissimo " Conversa sobre o tempo", da Editora Agir. As palavras de Luís Fernando Verissimo chamam a atenção para a escrita de textos e compara esse processo a um escultor do interior . Acompanhe as palavras de LFV: " Eu gosto muito daquela história. Alguém encontrou um escultor do interior não sei de onde, que fazia esculturas de cavalos perfeitas. O sujeito era simples, sem nenhuma instrução e fazia aqueles cavalos perfeitos. Aí o cara perguntou: "Como é que você consegue fazer esses cavalos com essa perfeição?"E ele disse:" Eu pego um bloco de pedra e vou tirando tudo que não é cavalo." (risos). Eu acho que o aprendizado da gente é esse, a gente vai tirando tudo que não é cavalo. Um texto bom é de dentro da pedra que a gente vai tirando."
Fica aqui a mensagem para todos aqueles que trabalham com a escrita. Deem uma pedra a seus alunos e os deixem criar, imaginar, relacionar, questionar e escrever um texto que realmente retrate o seu pensamento.

Professora Márcia Regina